A Geração Z pode transformar as jornadas de trabalho no Brasil?
- Lucas Guimarães de souza
- 18 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
A Geração Z, composta por jovens nascidos entre o final dos anos 1990 e início dos 2000, está revolucionando a forma como encaramos o trabalho.

Para essa geração, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional não é apenas um luxo, mas uma prioridade. Modelos tradicionais de trabalho, como a escala 6x1, têm sido fortemente questionados, abrindo espaço para um debate mais amplo sobre qualidade de vida, flexibilidade e produtividade no Brasil.
A escala 6x1 e o movimento "Vida Além do Trabalho"
A insatisfação com a escala 6x1 – seis dias de trabalho para apenas um de descanso – ganhou visibilidade após o relato de Rick Azevedo, ex-balconista de farmácia, viralizar nas redes sociais. Rick compartilhou o impacto negativo dessa rotina em sua saúde mental e no tempo para atividades pessoais. Sua história deu origem ao movimento "Vida Além do Trabalho" (VAT), que defende jornadas mais flexíveis e humanizadas.
O VAT não apenas ecoou as queixas de Rick, mas também trouxe à tona as demandas de uma geração que rejeita os sacrifícios impostos por um modelo laboral focado exclusivamente na produtividade. Essa nova perspectiva valoriza a eficiência e o bem-estar como elementos centrais do trabalho.
A proposta de mudança: menos horas, mais qualidade de vida
Em resposta a esse movimento, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa reduzir a jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas, sem redução salarial, e extinguir a escala 6x1. A proposta também sugere a implementação de uma jornada de quatro dias de trabalho por semana, com três dias de descanso.
Essa iniciativa reflete uma tendência global, na qual empresas e governos experimentam novos modelos de trabalho para aumentar a produtividade sem comprometer a saúde dos trabalhadores. Países como Islândia e Japão já reportaram resultados positivos com jornadas reduzidas, incluindo maior satisfação dos funcionários e menor taxa de burnout.
No entanto, a proposta enfrenta resistência de setores empresariais, que argumentam que a mudança pode gerar aumento de custos e dificultar a operação de empresas em setores como varejo e serviços.
Geração Z: protagonista da mudança
A Geração Z tem sido uma força motriz nesse debate. Mais do que qualquer outra geração, eles questionam valores ultrapassados como "viver para trabalhar". Para os profissionais dessa faixa etária, o trabalho deve ser apenas uma parte da vida, e não o centro dela.
Por que a Geração Z valoriza tanto a flexibilidade?
Saúde mental em primeiro lugar: Eles cresceram em um contexto onde o diálogo sobre saúde mental ganhou destaque, tornando o equilíbrio emocional uma prioridade.
Tecnologia como aliada: Habituados a um mundo digital, veem no trabalho remoto e na flexibilidade de horários soluções práticas e viáveis.
Propósito e Bem-Estar: Procuram carreiras que estejam alinhadas aos seus valores pessoais, como sustentabilidade, diversidade e impacto social.
Empresas que não se adaptam a essas demandas enfrentam dificuldades para atrair e reter talentos dessa geração. A adoção de políticas como home office, horários flexíveis e semanas de trabalho reduzidas já são diferenciais competitivos.
Benefícios e desafios de reduzir a jornada de trabalho
Benefícios potenciais:
Maior produtividade: Estudos indicam que jornadas menores podem aumentar a eficiência, reduzindo a fadiga e melhorando o foco.
Redução do Burnout: Com mais tempo para descansar e cuidar da saúde, os trabalhadores têm menos chances de enfrentar esgotamento físico e mental.
Atração de talentos: Empresas que adotam práticas inovadoras são mais atraentes para a Geração Z, ajudando a formar equipes mais engajadas.
Desafios:
Aumento de custos operacionais: Especialmente em setores que dependem de mão de obra intensiva, será necessário contratar mais funcionários ou pagar horas extras.
Adaptação cultural: A mentalidade de "mais horas significa mais trabalho" ainda é predominante em muitas organizações.
Impacto em pequenas empresas: Negócios menores podem enfrentar dificuldades financeiras para implementar mudanças significativas.
O Futuro do trabalho no Brasil
A proposta de Erika Hilton e o movimento liderado pela Geração Z são apenas o começo de uma transformação profunda na forma como encaramos o trabalho no Brasil. Embora os desafios sejam reais, as discussões sobre jornadas mais curtas abrem um caminho promissor para um mercado de trabalho mais justo, equilibrado e produtivo.
Empresas que se adaptarem a essa nova realidade estarão mais preparadas para atrair talentos jovens e inovadores, enquanto trabalhadores de todas as gerações poderão desfrutar de uma vida com mais significado e qualidade. Afinal, como diz o lema do VAT: “A vida não é só trabalho.”
O Grupo Telecred, referência no setor de serviços e soluções corporativas, é um exemplo de como alinhar as demandas do mercado atual com o bem-estar dos colaboradores. Investindo em políticas de trabalho mais flexíveis e programas de desenvolvimento pessoal, o Grupo Telecred entende que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é essencial para alcançar resultados sustentáveis. Sua abordagem inovadora demonstra que é possível crescer com foco na produtividade sem abrir mão de valores humanos.
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