Banco de horas e horas extras na terceirização: entenda as regras
- Lucas Guimarães de souza
- 14 de jul.
- 4 min de leitura
A terceirização é uma prática consolidada no mercado brasileiro, utilizada por empresas que buscam eficiência, redução de custos e foco em suas atividades-fim. No entanto, quando o assunto é banco de horas e horas extras, surgem muitas dúvidas — principalmente em relação aos direitos dos trabalhadores terceirizados e às obrigações das contratantes e prestadoras de serviço.

Neste artigo, vamos explicar como funcionam o banco de horas e o pagamento de horas extras para terceirizados, de forma prática e conforme a legislação trabalhista atual. Entenda as diferenças, limites, prazos de compensação e cuidados legais que devem ser tomados pelas empresas.
O que é banco de horas?
O banco de horas é um sistema de compensação de jornada. Em vez de pagar as horas extras em dinheiro, a empresa pode permitir que o trabalhador compense essas horas com folgas, desde que isso esteja previsto em acordo individual ou coletivo.
Como funciona?
Sempre que o colaborador trabalha além do seu horário normal, essas horas excedentes são registradas e acumuladas em um “banco”. Posteriormente, ele poderá sair mais cedo ou folgar um dia inteiro, conforme acordo com a empresa.
E o que são horas extras?
As horas extras são aquelas trabalhadas além da jornada regular (normalmente 8 horas diárias e 44 semanais). Elas devem ser pagas com acréscimo de:
50% sobre o valor da hora normal em dias úteis;
100% em domingos e feriados, caso não haja banco de horas ou compensação.
Terceirizados têm direito a banco de horas e horas extras?
Sim. A Lei da Terceirização (Lei nº 13.429/2017) e a Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) garantem aos terceirizados os mesmos direitos trabalhistas dos demais colaboradores — incluindo o controle de jornada, pagamento de horas extras e uso de banco de horas.
No entanto, é importante reforçar que:
A empresa prestadora de serviço é a empregadora formal do colaborador terceirizado.
A empresa contratante (tomadora de serviço) não pode gerenciar diretamente o ponto do funcionário terceirizado, mas deve acompanhar o cumprimento do contrato para evitar passivos trabalhistas.
Como deve ser feito o controle de jornada?
O controle de ponto para trabalhadores terceirizados é obrigatório, sempre que houver jornada fixa. A Portaria nº 671/2021 determina que o registro de ponto pode ser manual, mecânico ou eletrônico.
Empresas prestadoras devem manter sistemas confiáveis e, de preferência, digitais, para garantir a transparência e evitar problemas judiciais.
Quais são os prazos para compensação no banco de horas?
Segundo a legislação, o prazo para compensar horas no banco varia conforme o tipo de acordo:
Acordo individual escrito: compensação no prazo máximo de 6 meses;
Acordo ou convenção coletiva: o prazo pode chegar até 12 meses.
Se o prazo expirar sem a compensação das horas, elas devem ser pagas com os devidos acréscimos legais.
Limites legais de jornada
Mesmo com banco de horas, a jornada de trabalho deve respeitar os limites estabelecidos pela CLT:
Máximo de 2 horas extras por dia;
Jornada diária não pode ultrapassar 10 horas;
Intervalos obrigatórios devem ser mantidos.
Exceder esses limites pode gerar autuações, ações trabalhistas e multas para a empresa prestadora.
Cuidados que empresas devem tomar
Para a empresa prestadora de serviço:
Manter acordos de banco de horas válidos e registrados;
Controlar e registrar fielmente a jornada dos terceirizados;
Estar atenta às convenções coletivas da categoria;
Evitar fraudes ou compensações irregulares.
Para a empresa contratante:
Verificar se a prestadora está em conformidade com a legislação;
Fiscalizar se a jornada acordada no contrato está sendo cumprida;
Garantir que o ambiente de trabalho permita a execução das funções dentro da carga horária contratada.
Riscos do descumprimento da lei
A negligência no controle de jornada de terceirizados pode gerar sérias consequências para ambas as empresas. Entre os principais riscos estão:
Processos trabalhistas por horas extras não pagas;
Responsabilidade solidária da tomadora, se houver irregularidades comprovadas;
Multas e autuações em fiscalizações do Ministério do Trabalho;
Danos à imagem e à reputação corporativa.
Exemplo prático
Imagine uma empresa terceirizada de limpeza que fornece mão de obra para um shopping center. Um funcionário da equipe faz 2 horas extras por dia durante um período de alto movimento. A empresa tem um acordo de banco de horas válido para 6 meses. Se o colaborador não compensar essas horas dentro desse prazo, a empresa precisa pagar as horas com adicional de 50%.
Agora, se o trabalhador ultrapassa 2 horas extras por dia ou não tem intervalo para refeição, isso configura irregularidade, mesmo com banco de horas.
Diferença entre banco de horas e compensação semanal
A compensação semanal (como a famosa “folga na sexta-feira”) é um acordo direto com o funcionário para antecipar ou reduzir a carga horária. Já o banco de horas é mais amplo, com registro acumulado e prazos definidos para a compensação. Os dois são legais, mas exigem acordo prévio e formalização.
Como a terceirização afeta esses direitos?
A terceirização não retira nenhum direito do trabalhador, mas muda a responsabilidade direta. Cabe à prestadora cumprir as obrigações trabalhistas. Porém, se houver omissão, a tomadora também pode responder judicialmente.
Empresas que contratam terceirizados devem escolher prestadoras confiáveis, com boa gestão de RH e compliance trabalhista.
Conclusão: organização evita problemas
O banco de horas e as horas extras são instrumentos legais importantes para a flexibilidade do trabalho. Porém, no contexto da terceirização, exigem cuidados extras para evitar riscos trabalhistas.
Empresas devem investir em gestão de jornada, controle de ponto e acordos bem estruturados, sempre respeitando a legislação vigente.
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