Reajuste Salarial: Como Funciona Segundo a CLT
- Lucas Guimarães de souza
- 28 de jul.
- 5 min de leitura
O reajuste salarial é uma das obrigações mais importantes previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Ele representa não apenas uma correção monetária, mas um direito garantido ao trabalhador para que seu poder de compra seja mantido diante das variações econômicas, especialmente da inflação.

Apesar de ser um processo rotineiro na maioria das empresas, ainda existem muitas dúvidas sobre quando aplicar, como calcular e o que fazer em caso de atrasos ou acordos coletivos não formalizados. Este artigo foi preparado para esclarecer os principais pontos sobre o tema, com foco em empresas que precisam manter a conformidade e também cuidar da sua saúde financeira.
O que é reajuste salarial?
Reajuste salarial é a atualização periódica do salário dos colaboradores, geralmente com base nos índices inflacionários do período anterior. A ideia é evitar que os trabalhadores tenham perda no poder de compra em função da inflação acumulada.
A CLT prevê que esse reajuste seja definido por meio de negociações coletivas entre sindicatos laborais e patronais. Quando não há acordo, pode-se recorrer ao dissídio coletivo, que é decidido pela Justiça do Trabalho.
Diferença entre reajuste e aumento salarial
É importante não confundir reajuste salarial com aumento salarial. O reajuste é uma correção obrigatória e coletiva, geralmente vinculada ao índice da inflação. Já o aumento é um acréscimo espontâneo que a empresa pode conceder a um funcionário individualmente, por mérito, tempo de casa, desempenho, promoção, entre outros motivos.
Se a empresa conceder um aumento individual menor do que o reajuste definido em convenção coletiva, ela ainda terá a obrigação de complementar a diferença.
O papel da data-base
A data-base é o mês definido para a categoria iniciar negociações com o sindicato. Esse é o ponto de partida para o reajuste anual. Cada categoria tem sua própria data-base — algumas em janeiro, outras em maio, setembro, etc.
É a partir dessa data que começa a contar o prazo para a empresa aplicar o reajuste. Se a negociação demorar e o reajuste for definido meses depois, os valores devem ser pagos retroativamente desde a data-base.
Como funciona o reajuste salarial na prática?
A empresa deve seguir os percentuais e regras definidos nas convenções ou acordos coletivos. Veja alguns pontos que precisam ser observados:
1. Reajuste Integral
Aplica-se a todos os trabalhadores que estavam contratados na data-base da categoria. O valor do reajuste será calculado em cima do salário vigente no mês anterior.
2. Reajuste Proporcional
Quando o colaborador foi admitido depois da data-base, o reajuste é proporcional ao tempo de empresa. Por exemplo, se o reajuste foi de 6% e o colaborador foi contratado há seis meses, ele receberá 3%.
3. Retroativo
Se o reajuste for definido após a data-base, a empresa deve pagar a diferença acumulada dos meses anteriores. Esse pagamento deve ser feito em folha separada ou junto com o salário regular, com clareza na descrição.
Como calcular o reajuste salarial?
O cálculo pode variar de acordo com o que foi estabelecido na convenção coletiva, mas, em geral, segue a fórmula:
Novo salário = salário atual × (1 + índice de reajuste)
Exemplo:Se um colaborador ganha R$ 2.000 e o reajuste definido foi de 5%, o novo salário será:R$ 2.000 × 1,05 = R$ 2.100
No caso do reajuste proporcional, o índice é ajustado conforme os meses trabalhados no ano-base.
E se não houver acordo entre empresa e sindicato?
Quando as partes não chegam a um consenso, o dissídio coletivo pode ser ajuizado. Ele é julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que define o percentual de reajuste e outras cláusulas. Após o julgamento, a decisão passa a ter força de lei e deve ser cumprida por todas as empresas da categoria.
O problema é que, nesse caso, a empresa pode não ter previsibilidade sobre os custos, já que o reajuste pode ser maior do que se fosse negociado diretamente. Além disso, há o risco de pagamento de juros e multa se houver atraso no cumprimento.
Reajuste salarial e encargos trabalhistas
O impacto do reajuste salarial vai além do aumento direto no salário. Ele afeta todos os encargos trabalhistas, como:
Ou seja: o reajuste exige planejamento financeiro, especialmente em empresas que operam com margens apertadas.
Responsabilidades do setor de RH e do financeiro
O setor de RH precisa acompanhar de perto as convenções coletivas e garantir que os reajustes sejam aplicados corretamente e no tempo certo. Já o setor financeiro deve prever os impactos no orçamento e garantir que os encargos e retroativos sejam pagos corretamente, para evitar multas e problemas trabalhistas.
A comunicação com os colaboradores também é fundamental. Eles precisam entender como o reajuste foi calculado, quando será pago e quais valores se referem a parcelas retroativas. Isso aumenta a confiança na empresa e evita mal-entendidos.
O que acontece se a empresa não aplicar o reajuste?
Negligenciar o reajuste salarial é uma infração trabalhista e pode gerar grandes prejuízos. A empresa pode ser acionada judicialmente, multada e ainda obrigada a pagar os valores devidos com correção e juros. Em casos mais graves, pode ser condenada a pagar indenização por danos morais.
Além disso, isso compromete a imagem da organização frente aos colaboradores, sindicatos e até perante o mercado.
Benefícios de manter os reajustes em dia
Apesar de representar um custo extra, o reajuste salarial correto também é uma forma de manter um bom clima organizacional, evitar passivos trabalhistas e cumprir obrigações legais. Empresas que cuidam bem desse processo se destacam na retenção de talentos e em sua reputação como empregadoras.
Funcionários valorizam a transparência, o cumprimento dos direitos e a demonstração de que a empresa respeita acordos coletivos. Isso impacta diretamente na produtividade e no engajamento das equipes.
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